Janeiro Branco: Acispes realiza apoio psicológico para profissionais da linha de frente da Covid-19
Assistidos são funcionários do laboratório da instituição. Direção pretende ampliar a iniciativa
Publicado em 25/01/2021 19:01 - Atualizado em 27/01/2021 20:23
Em janeiro, em todo o país, é realizada a campanha “Janeiro Branco” para alertar sobre a importância dos cuidados com a saúde mental. Neste ano, com o lema “Todo Cuidado Conta”, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chama a atenção para como a saúde mental vem sendo afetada em todo o mundo pela pandemia do novo coronavírus. Pensando no bem estar dos profissionais que estão na linha de frente do coronavírus, a Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) começou um trabalho de acolhimento psicológico e psiquiátrico para o grupo. Porém, a ideia da diretoria da instituição é estender os atendimentos a todos os seus colaboradores que estejam vulneráveis emocionalmente.
O grupo de assistidos na Acispes é formado por quase 100% dos funcionários do laboratório da instituição de saúde. Desde o início da pandemia, em março do ano passado, eles trabalham fazendo a coleta de material dos testes da Covid-19 em vários hospitais. A coordenadora do laboratório, Natália Bento, foi quem percebeu que os colaboradores estavam ansiosos e estressados, ela procurou a diretoria, que abraçou a ideia de um atendimento direcionado para saúde mental.
Laura Hallack e Renata Abreu são as duas psicologas do projeto da Acispes. Laura contou que cerca de 20 pessoas serão atendidas a partir de semana que vem. Antes dos atendimentos, foi feita uma triagem dos funcionários para identificar quais eram seus problema e se seria necessário alguma intervenção psiquiátrica. “A carga de trabalho deles aumentou muito, e eles estão atuando diretamente na linha de frente nesta pandemia. A adesão foi de quase 100%. Em meados de dezembro começamos a triagem, a maioria deles tinha algum quado de ansiedade, de leve a grave, e alguns já tinham desenvolvido depressão e casos graves”, disse.
Segundo Laura, de acordo com este diagnóstico inicial, os atendimentos mais aprofundados serão feitos de forma individual ou em grupo, semanalmente ou quinzenalmente. “A pandemia foi o estopim para esta questão de saúde mental em muitas pessoas, e a Acispes abraçou a causa. O desejo da direção é que se expanda os atendimentos para todos os funcionários, pensando, inclusive, na questão da prevenção do adoecimento mental”, disse.
“Achamos que sabemos lidar com as emoções e no final não sabemos nada”
Um dos asssistidos é Smayller Muller de Oliveira Calixto, funcionário do setor administrativo do laboratório. Smayller começou a sentir a pressão da pandemia por conta do distanciamento de sua família, residente em outra cidade, e de amigos. Se sentindo sozinho e sem ter a quem buscar, segundo ele, começaram os problemas emocionais: Tristeza, ansiedade, angústia. “Eu comecei o ano bem animado, na maior das expectativas , mais aí veio março, junto com a pandemia, tudo desandou. Mesmo assim me mantive otimista para os enfrentamentos que viriam.Só que a gente não faz a mínima ideia do vem né. Esse foi meu erro. Achamos que sabemos lidar com as emoções e no final não sabemos nada. Parecia que eu estava num buraco e ninguém podia me ajudar”, contou.
Em dezembro, quando Smayller foi fazer um exame de coronavírus no caminhão do Covid, conheceu o projeto. “Eu relatei para uma colega o episódio que estava passando e os transtornos que tenho sofrido com a pandemia, e ela tinha falado sobre o interesse em fazer esse projeto da psicologia no laboratório. Eu achei muito importante para nossa vida, ter onde buscar ajuda nos momentos delicados e salvar vida. Penso que o trabalho que estão fazendo e de uma delicadeza com nos funcionários. Porque essa pandemia que virou uma crise tem mexido de mais com nosso psicológico”, finalizou.
Casos no país
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%).
por Comunicação Acispes